sexta-feira, 6 de julho de 2007

Especial grandes músicos V

Depeche Mode

" A história dos Depeche Mode começa no final dos anos 70 em Basildon, uma cidade nos arredores de Londres. Vince Clarke e Andrew Fletcher conhecem-se numa juventude religiosa e acabam por fazer parte dos No Romance In China, banda inspirada nos The Cure. Martin Gore era colega de escola de Andrew e nesta altura era guitarrista dos Norman & The Worms, tendo o seu interesse pela música surgido devido à vasta colecção de discos de rock'n'roll dos anos 50 da sua mãe. É por esta altura que escreve “See You”, que viria a ser o primeiro single do segundo álbum dos Depeche Mode, chegando ao sexto lugar do top britânico.

Entretanto Vince e Andrew decidem criar uma nova banda, os Composition of Sound, que seria o embrião dos Depeche Mode, fazendo já parte do seu repertório “Photographic”. Sabendo que Martin comprou um sintetizador, artigo bastante raro na altura, decidiram convidá-lo para integrar a banda, liderada por Vince, que para além de compositor e letrista era também o vocalista. Mas durante um ensaio para um espectáculo Vince ouve Dave Gahan a interpretar um cover de “Heroes”, de David Bowie, e tendo gostado do que ouviu decidiu convidá-lo para ser o vocalista dos Composition of Sound.

Gahan era um jovem extrovertido e audaz que estudava moda, e foi precisamente de uma revista de moda, chamada "Dépêche Mode", ou seja, “moda rápida”, que surgiu o nome definitivo da banda. Tendo gravado uma cassete, bateram à porta de várias companhias mas foram recusados por todas, até ao dia em que Daniel Miller, o dono da Mute Records, os vê num espectáculo em que faziam a primeira parte dos Fad Gadget. Miller gostou e propôs-lhes gravarem um single.

A banda aceitou e a primeira música gravada foi “Photographic” para a compilação Some Bizzare, seguida do single “Dreaming of Me”, que alcançou o 57º lugar no top britânico, posição bastante boa para uma banda totalmente desconhecida de uma companhia também ela pouco conhecida.

Estimulados pelos resultados acima das expectativas alcançados pelo primeiro single, gravaram outro single, “New Life”, conseguindo desta vez chegar ao 11º lugar. Estando numa onda de sucesso, começaram a trabalhar no primeiro álbum, Speak & Spell (1981), que corresponde totalmente à concepção musical de Vince Clarke. O primeiro single retirado do álbum Just Can't Get Enough provaria ser um grande sucesso, tornando-se numa das músicas mais emblemáticas dos anos 80, dando aos Depeche Mode uma enorme popularidade, para a qual Vince não estava preparado. Alegando então não se rever no tipo de sucesso que a banda estava a alcançar decide sair, pondo o futuro da banda em risco.

No entanto, esta saída em vez de ameaçadora tornou-se num dos acontecimentos mais felizes para a banda, uma vez que Martin, já tendo escrito duas músicas para Speak & Spell, assume a posição de compositor e letrista da banda, iniciando deste modo a construção da verdadeira identidade dos Depeche Mode, que muito pouco tem a ver com a sonoridade preconizada por Vince. Pretendendo provar ao mundo que conseguiriam sobreviver, Gahan, Fletcher e Gore fazem o segundo álbum, A Broken Frame (1982) sozinhos, apenas com a ajuda de Daniel Miller.

Percebendo que precisariam do um quarto elemento para tocarem ao vivo, põem um anúncio no jornal e realizam audições. E é deste modo que Alan Wilder se torna membro dos Depeche Mode. A sua entrega e ideias inovadoras, bem como os conhecimentos musicais, permitiram-lhe crescer no seio da banda, sendo o único membro para além de Martin que iria escrever para a banda e ficando na sua mão grande parte do trabalho em termos de produção.

Os álbuns seguintes, Construction Time Again (1983) e Some Great Reward (1984), permitiriam à banda fortalecer o seu sucesso e experimentarem novos caminhos. Procuram singrar no mercado americano, apostando fortemente nos singles “People Are People” e “Master And Servant”, sem conseguirem no entanto grandes resultados. Mas o sucesso alcançado em toda a Europa, particularmente na Alemanha e na Europa do Leste, permitiram-lhe lançar a sua primeira colectânea em 1985, compilando todos os singles da banda até à data e lançando ainda dois novos singles: “Shake The Disease” e “It's Called A Heart”.

O ano de 1986 marcaria uma viragem definitiva na sonoridade dos Depeche Mode, assumindo uma postura mais negra e menos comercial, usando a estética techno como construtora de uma realidade depressiva, descontente e inconformada, perspectiva incorporada em Black Celebration. O pouco sucesso do álbum, totalmente contrário à sua enorme qualidade, fá-los voltarem a um universo mais comercial, lançando Music For The Masses (1987), que lhes asseguraria definitivamente uma posição de destaque nos EUA, originando algumas das músicas mais emblemáticas dos Depeche Mode e dos anos 80. O sucesso do álbum reflectiu-se numa estrondosa tournée mundial imortalizada no filme/álbum 101 (1988).

Os anos de ouro dos Depeche Mode estavam apenas no seu começo e, dispostos a mudar o mundo da música, começam a trabalhar num novo álbum, desta vez procurando quebrar todos os limites musicais e criar novas sonoridades. Depois de um ano de trabalho intensivo, tendo já lançado “Personal Jesus” com bastante sucesso, Violator (1990) é finalmente apresentado ao mundo, juntamente com o single “Enjoy The Silence”, atingindo picos de vendas e popularidade como a banda nunca antes conseguira.

Depois de um álbum de muito sucesso os Depeche Mode decidiram fazer uma pequena pausa nos quase dez anos de trabalho quase consecutivos, permitindo-lhes descansar e reflectir sobre o futuro da banda. E é precisamente nesta altura que as fissuras começam a surgir, e quando a banda se reúne para começar a trabalhar no seu álbum seguinte, Dave Gahan consome droga, Fletcher atravessa uma depressão e Alan Wilder está cada vez mais insatisfeito com a sua posição na banda. Martin Gore parece ser o único que se mantém equilibrado e até algo distante dos problemas dos colegas.

Alan decide por esta altura que após a gravação do álbum e da tournée correspondente iria sair do grupo, alegando divergência de concepções musicais. Muito se especulou a respeito das motivações da sua saída, mas certamente que o antagonismo entre a sua concepção de música e a de Martin foi definitivo, sentindo que sendo também ele um compositor, não necessitava de estar a produzir um álbum com músicas feitas por outra pessoa de uma forma que não lhe parecia a ideal, quando podia fazer tudo à sua maneira.

No meio desta teia de problemas e relações tumultuosas, e de um processo de gravação extenuante e até mesmo sofrido, nasce aquele que muitos consideram o melhor álbum dos Depeche Mode, Songs of Faith And Devotion (1993), alcançando novamente um enorme sucesso, que se reflectiu na Devotional Tour, que passou por Lisboa.

Após a tournée, Alan concretiza a sua saída e Dave vê-se cada vez mais envolvido no mundo da droga, culminando numa overdose e sete minutos de morte clínica. São tempos difíceis para a banda, que atravessava neste momento um período de grande sucesso, sendo mesmo a continuidade posta em causa. É portanto muito reticentemente que Dave, Fletcher e Martin se juntam em estúdio, não com a ideia de gravar um álbum, mas apenas procurando perceber se pretendem continuar juntos. As primeiras sessões são desastrosas, uma vez que a voz de Dave foi bastante afectada pela consumo de drogas. Martin propõe então que esperem mais algum tempo para que Dave possa recuperar a sua boa forma vocal.

Voltam depois a reunir-se e desta vez tudo corre bem, decidindo gravar um álbum. De um conjunto de sessões descomprometidas constrói-se Ultra (1997), aquele que os Depeche Mode descreveriam como um álbum feito para os seus fiéis e compreensivos fãs que aguardaram pacientemente 4 anos. O primeiro single, “Barrel Of A Gun”, não sendo o de maiores vendas, é o que alcança a melhor posição para os Depeche Mode no top britânico, chegando ao 4º lugar.

Depois de mais um período de interregno, no qual lançaram a sua segunda compilação de singles e a canção “Only When I Lose Myself”, juntam-se novamente para gravar Exciter (2001), realizando a sua primeira grande tournée após a Devotional Tour. Este álbum não tem um sucesso comercial equivalente aos seus antecessores mas deu a conhecer uma banda mais madura.

Agora em 2005, os Depeche Mode decidem regressar às lides musicais, na sequência dos álbuns a solo de Martin e Dave em 2003, trabalhando durante cerca de 8 meses em Playing The Angel, que contará pela primeira vez com músicas escritas por Dave Gahan. O primeiro single, “Precious” mostra um retorno ao universo tecnho, certamente capaz de mobilizar os fãs mais saudosistas.

Entretanto, Vince Clarke, após ter conseguido fazer sucesso com os Yahzoo e com os Erasure, tornou-se numa figura praticamente desconhecida nos anos 90. Alan criou o projecto Recoil, desviando-se duma perspectiva comercial e dedicando-se por completo à música experimental."


Fonte:
Hiddentrack

[Depeche Mode - Personal Jesus]

[Depeche Mode - Master & Servants]

[Depeche Mode - Walking in my shoes]

[Depeche Mode - In your room]

[Depeche Mode - People are people]

[Depeche Mode - Halo]

[Depeche Mode - Home]

[Depeche Mode - Strangelove]

[Depeche Mode - Enjoy the silence]

[Depeche Mode - Behind the wheel]

[Depeche Mode - Policy of truth]

[Depeche Mode - A question of time]

[Depeche Mode - Useless]

[Depeche Mode - Shake the disease]

[Depeche Mode - Goodnight lovers]

[Depeche Mode - Everything counts]

[Depeche Mode - Precious]

[Depeche Mode - Stripped]

[Depeche Mode - The pain that I'm used to]

[Depeche Mode - Martyr]

[Desculpem-me o tamanho da biografia mas este tinha de ser um post à grande.
Afinal de contas, os Depeche Mode têm quase 30 anos e já que se fala se intemporalidade, eles merecem este post. Espero que tenham gostado. Ouçam as músicas que vale sinceramente a pena.]

1 comentário:

Anónimo disse...

Behind the wheel, é a minha preferida, e a última Martyr também gosto bastante.
Apensar de não ser muito apreciador de Depeche Mode, eles têm um lugar incontestável no panoranama musical actual.
Excelente tributo.